Carta para o meu mais




        Sei que você pediu para que eu colocasse uma foto nossa no meu próximo texto sobre você, mas é que você está com cara de pós-sexo em todas.

Passei algumas noites acordada procurando palavras pra tentar explicar tudo o que você significou pra mim, mas não consegui. Em parte porque você significou mais do que palavras podem expressar. E em parte porque te odeio.

Por uma dádiva que Deus escolheu pra mim, tenho o poder de transformar sentimentos em palavras, mas quando os sentimentos transbordam dentro de você, não é tão fácil assim organizar todos em frases e parágrafos que fiquem aparentemente relevantes.

Te conheci da forma mais inesperada que poderia. Talvez porque tudo o que eu não queria era conhecer o meu primeiro amor de uma forma tão clichê. Ok, eu supero. Lembro que desde a primeira vez em que conversamos, entramos em uma sintonia tão forte que era como se um entendesse as piadas do outro sem precisar ter conhecimento do histórico humorístico um do outro. Nosso humor se encaixava. Até mesmo quando eu ficava brava com você, você sempre dava um jeito de fazer alguma piada daquela situação e eu me deixava levar.

Não lembro direito do momento exato que soube que te amava, talvez depois da primeira vez em que você me levou para um motel, mas seria superficial demais da minha parte dizer isto. Mas sei que me apaixonei pela tua leveza e simplicidade com a qual tudo acontecia. Me apaixonei por cada momento difícil em que eu me encontrava e você estava lá pra me segurar – literalmente, às vezes –, por cada boa risada que dei e você estava lá pra rir junto, por cada filosofia de madrugada que eu tinha e você estava lá pra discutir a respeito.

Sei o quanto você odeia saber que existe alguém no mundo que te ama, então sinto desapontar-te.

Chegaram a me perguntar se eu mudaria tudo se pudesse voltar no tempo. Caso queira saber, a resposta é não. Não tenho do que guardar mágoas, já que você só me proporcionou bons momentos. Eu mudei. Pra melhor. E você tem 99% de influencia nisso. Talvez você não tenha sido tudo aquilo que dizia ser ou demonstrava sentir, mas o que sei é que mesmo que mil anos se passem, ainda vou me lembrar de cada fetiche estranho teu, de cada aventura ridícula que vivenciamos, de cada primeira vez que você me proporcionou – incluindo o primeiro orgasmo.

Sempre te falei que sabia o que queria. E acho que você também me proporcionou descobrir mais afundo sobre isso. Talvez eu te odeie um pouco menos no final do texto, não por você, porque se depender disso eu vou te odiar pra sempre, mas por mim. Em todos esses meses, não consigo me lembrar de um único momento ruim. Talvez as últimas semanas não tenham sido tão boas assim, mas se estou chorando agora, é mais por orgulho de mim mesma e com um sorriso no rosto do que por tristeza por ter acabado. Mas sabe como é, existem dois tipos de amores na vida de alguém. Aquele que te muda, te marca, te eterniza, te oferece um mar de experiências e sentimentos, e aquele que fica com você pro resto da vida. Você, de certa forma, é os dois. Sinto te dizer, mas nunca vou te esquecer.

Sempre acreditei na filosofia do "o que é pra acontecer, acontece, e por um motivo". Você me aconteceu. Você foi o meu motivo. Não me arrependo de nada, não mudaria uma virgula, não acrescentaria nem mais um ponto. Espero que eu também tenha te mudado de alguma forma. Espero que você pare de investir em suas mentirinhas bobas e opte pelas verdades, por mais que sejam escuras. 

Não tenho um final pra esse texto, assim como não tenho um final pra você dentro de mim. Mas espero que você me apareça com o presente de natal que prometeu. Sabe como é, promessas são dívida. A minha promessa é nunca esquecer tudo o que você representou pra mim. 

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