Esteja ali porque quer estar


Movida pela exaustão em ler sobre ser adepta à autenticidade porque só assim a atração dele ou dela vai ser voltada pra você, resolvi manifestar minha opinião sobre você precisar ser autentica pra sua atração ser voltada pra você.
A estereotipia das comédias românticas em fazer-te acreditar que uma mulher de verdade é aquela que prefere sair com você e seus amigos pra beber uma cerveja e ver futebol ao invés de ficar chorando com Nicholas Sparks em casa, ou que um homem perfeito é aquele bad boy que só quer saber daquela mulher no canto do bar ao invés de querer ir pra cama com todas, é exaustiva.
Lembro de um professor, meu, de filosofia que sempre mencionava sobre o ser humano ser dividido em três partes: o que ele é, o que ele quer ser e o que os outros acham que ele é. O que faz de alguém ser autentico ou não é o equilíbrio entre os três. Ser quem é, almejar ser cada dia melhor – para si mesmo – e transparecer o que há dentro de si.

Lembro-me de um episódio em um lugar onde estudei, certa vez. Ao sair da sala de aula, me deparei com uma menina sentada do outro lado do corredor, com Edgar Allan Poe nas mãos e fone nos ouvidos. Ela possuía uma expressão de surpresa no rosto e um “O” formado em sua boca.

Enquanto as pessoas se reuniam pra ir num barzinho que ficava ao lado, ela continuava ali. Recusando todos os convites com uma educação fora de si, um sorriso no rosto e os olhos voltados para a história.

A diferença entre ela e 90% das outras pessoas é porque dava pra sentir que ela estava ali porque queria estar. Preferiu ficar lendo do que ir beber porque era exatamente aquilo que ela queria fazer. E, sim, a autenticidade é tão forte que é perceptível mesmo de longe.

Foi naquele momento que comecei a pensar: será que estamos exatamente onde queremos estar ou só estamos ali pra causar uma impressão artificial do que, na verdade, nós queremos aparentar?!

Se permitir sentir ciúmes porque você está apaixonada, discutir porque você não concorda com o que lhe disseram, preferir suco de maça a uma cerveja gelada, ler cinquenta tons de cinza no metro, dançar Valesca Popozuda, chorar com Crepúsculo, não achar graça de uma piada de humor negro ou de teor machista, achar política uma perda de tempo, não concordar com o casamento gay, não gostar de filmes Cult, cortar o cabelo nas orelhas, no calor, porque você não aguenta mais aquela cabeleira, pegar todas na balada, ou mesmo ficar em casa com o namorado vendo filme de terror. Falar “eu te amo” porque você ama alguém. Parar de insistir em apego ou desapego e se permitir. Tudo isso porque é o que você quer e não porque quer impressionar alguém.

Não existe sex appeal maior do que estar em um lugar porque você quer estar, fazer alguma coisa porque você quer fazer, vestir determinadas roupas porque é o que você quer vestir. Tudo porque é o que você quer. Porque é daquele jeito que você se sente bem.

Não deixar de ser independente, forte, confiante, inteligente mas ceder pro amor, pros medos, anseios e futilidades que todos nós temos. Isso não te torna “só mais um” ou carregado de excentricidade. Isso te torna você. E cada ser humano é único com as qualidades e defeitos que tem.


2 comentários :

  1. Um quê de Elboni aí hein... vigia a cópia !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não diria cópia, mas Frederico Elboni é alguém que me inspira muitíssimo. E possuimos pensamentos semelhantes, apenas.

      Excluir