
Dizem que nunca conseguimos cortar nossas raízes e, quem eramos quando crianças, sempre estará dentro de nós mesmo que cresçamos. De certa forma eu concordo. Mas nada nos impede de mudar e fazer de nossas raízes o que quisermos. Afinal somos donos de nossas próprias vidas, corpos, almas e pronto!
Não sei se minha mãe comia muita porcaria quando estava grávida ou se ela não me alimentou direito quando eu era um bebê, mas sei que desde pequena sempre tive os bracinhos e perninhas mais cheinhos do que as outras crianças. E isso não mudou com o passar do tempo. Talvez seja culpa da parte paterna da minha família que sempre foi mais gordinha.
Até os quatorze anos de idade eu não me importava nem um pouquinho com uma gordurinha aqui ou ali. Ou várias gordurinhas aqui, ali e acolá. Mas quando você cresce, começa a ter amizades reais e gostar de pessoas que não são da internet, as coisas começam a mudar um pouco. Ou talvez muito.
Não sei exatamente quando as coisas mudaram. Talvez quando eu comecei a reparar que as roupas que eu achava lindas nas minhas amigas sempre ficavam horríveis em mim e na maioria das vezes nem servia. Logo as espinhas começaram a aparecer mais do que deveriam, o tamanho do sutiã aumentou dois números, minhas pernas começaram a ter algumas estrias aqui e ali, o pneuzinho não ficava mais só nos carros e minha autoestima não era mais tão indiferente. Meu cabelo não era lisinho e sedoso que nem o das outras meninas. Eu era branca demais e quase parecia um fantasma (ainda sou).
Nunca fui de comer coisas saudáveis. Só comecei a ter uma dieta 100% saudável (sem besteiras, frituras, doces, refrigerantes e etc) do comecinho de agosto pra cá. E só nesses meses que estou me desintoxicando de tudo que não é saudável, que comecei a notar a diferença. Mas ainda não estava bom. Eu queria chegar aos 60 kg, mesmo tendo 1,70 de altura. E isso não estava certo. Saudavelmente dizendo, não estava.
Pois então.. Ontem fui a uma viagem com os amigos da escola, pra um sitio em Atibaia. E eu estava apavorada em ir pra lá, pois não seria só a minha escola, e eu teria de usar biquíni. Pronto! Raianny entrando em pânico e completo desespero. Por que? Porque sempre tive vergonha do meu corpo. Minha barriga não era nem um pouco lisinha, quem dirá durinha. Minhas pernas são grossas demais e não consigo dar tchauzinho acenando com a mão, por causa do excesso de gordurinha na parte de baixo do meu braço.
Mas eu bati o pé e disse a mim mesma que não deixaria de ir num lugar tão gostoso e divertido só por vergonha do meu corpo. Foi ai que veio a surpresa. A maioria das meninas do sítio eram gordinhas. Gordinhas MESMO! E não se importavam nem um pouquinho em usar biquínis. Elas não estavam nem ai pro que os outros achavam delas. Andavam pra cima e pra baixo com as gorduras a mostra. Jogavam futebol, volei, dançavam, pulavam. E acabei me sentindo tão idiota por ter vergonha de mim mesma que arranquei o shorts e apertei o botão de dane-se.
Nos preocupamos tanto em seguir um padrão de corpo, de aparências e até de gostos pessoais, que as vezes nos esquecemos de que não precisamos seguir nada para sermos bonitas ou nos sentirmos bonitas. Antigamente o brasil tinha um padrão de que para ser bonita você tinha de ser gordinha. E as magrinhas? Elas se sentiam péssimas por não serem gordas. E com o passar do tempo e das gerações, o padrão mudou e hoje só é bonita quem é magrinha. Mas já pensaram que se ser magra ou gorda fosse o certo, isso não mudaria com o passar dos anos? Seria a mesma coisa desde sempre e pronto. E futuramente? Só será bonita quem tiver alguma anomalia no corpo? Não importa se a pessoa é gorda, magra, alta, baixa, com espinhas, sem espinhas, com o rosto mais arredondado, mais quadrado, mais fino. Não importa se é branca, negra, asiática, morena, parda, até azul. Não importa. Você não será bonita por como os outros iram te avaliar, você será bonita a partir do momento em que você se olhar no espelho e gostar do que vê. E se quiser mudar alguma coisa, mude. Mas não pelo que os outros falam para você e sim pelo que você quer.
Dizem que quando nos sentimos de determinada forma, acabamos ficando realmente assim. Já pararam para pensar em quem nos inspiramos para um padrão de beleza? Megan Fox, Blake Lively, Lindsay Lohan, entre outras atrizes, cantoras e qualquer tipo de famosas estrangeiras. E com isso, nos esquecemos que as brasileiras tem, POR NATUREZA, um corpo maior e com mais curvas. E não digo curvas relacionadas a "ser gostosa". E se esquecem também que a forma que vocês a veem na televisão não é como elas realmente são. Pois algum dia, existiu a pessoa que inventou a maquiagem e o photoshop. E claro, os cremes para camuflar as estrias e celulites. Pesquisem na internet sobre como elas realmente são. Sem maquiagem. Sem as roupas chiques. Sem toda a produção por qual elas passam antes de aparecer na tela. Olhem-se no espelho e pensem que elas são pessoas normais, assim como vocês. Parem de querer se transformar em uma Gisele Bünchen e comecem a reparar nas famosas que são gordinhas e nem por isso deixam de ser amadas e idolatradas. Por que? Por que quem gosta delas não se importa com seus portes físicos, seus rostos intactos, sua pele esticadinha. Eles se importam com seus talentos. E é com isso que devemos nos importar também. Com nossos talentos.
E quando a pessoa é magra demais e quer ser um pouco mais gorda? Ela vai se sentir péssima também por que ela não está como ela quer. O fato é que você pode ser gorda, magra, com o cabelo ruim ou bom, com a pele bonita ou não. Você nunca vai conseguir ser da forma que quer, por que nada é perfeito e nunca ninguém vai mudar isso.
Existe as gordinhas querendo emagrecer e as magrinhas querendo engordar. E existem as pessoas que são gordas ou magras e querem ser do jeito que são. E na minha humilde opinião, elas são muito mais felizes por aceitarem ser da forma que são.
Post dedicado para as minhas amigas que são lindas da forma que são mas não conseguem enxergar isso.
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