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Hoje busco-me por aí



        Sou muitas em apenas uma. Muitas formas. Muitas coisas. Muitas personalidades. Muitas mulheres. Muitas cores. Muitas vivências. Sou tudo o que alguém poderia querer, e também tudo o que alguém mais poderia repugnar. Sou tudo em apenas um corpo. Em apenas uma mente. Em apenas um ser.

Sou amor. Sou ódio. Sou desapego. Sou preocupação. Sou paz. Sou terror. Sou indecisão. Sou certeza. Sou tranquilidade. Sou explosão. Sou delicadeza. Sou guerra. Sou lago. Sou oceano. Sou grãos de areia. Sou estrelas. Sou o universo inteiro.

Sou filantropia. Sou feminismo. Sou justiça. Sou luta. Luta pelo direito de se poder ser quem é.

Hoje busco-me por aí. Busco-me pelos mais inesperados cantos. Pelas mais óbvias clarezas. Pelos mais desprezíveis escuros. Busco-me.

Sou muitas que não conheço e me predisponho a conhecer. Mas sou, principalmente, presa ao que já fui um dia e deixei de ser. Fui o que alguém me proporcionou viver. E me prendi a isso de tal forma que me anestesiei. E relutei a perceber.

Isso porque o ser humano tem uma mania desgraçada de querer se prender a algo bom que passou, e não aceitar o que pode vir. A quem pode vir a ser. Não podemos ser a mesma pessoa mais de uma vez. Porque mudamos. Crescemos. E a vida nos dá conteúdo o bastante pra viver em constante exploração e carregar cada experiência dentro de nós, para que nos transformemos. E nunca seremos uma versão pior, a menos que não deixemos que o mal entre. E o segredo é que nos abramos. Nos abramos para o que a vida tem a nos oferecer, para o que nós mesmos temos a nos oferecer, e para o que a felicidade tem para proporcionar, ao invés de nos prender a algo que já passou, e que precisa dar lugar a alguém novo.

E que paremos de nos prender ao passado. E que não aceitemos ser menos do que realmente somos. E que não nos reprimamos, porque quem precisa nos amar, nos amará pelo que transbordamos nas mais profundas essências da alma. E que gritemos pela felicidade, mesmo em público. E que gargalhemos. Nos mais altos tons. E que cantemos. E dancemos. E que sejamos. Porque ser é a coisa mais linda na existência de alguém. E que falemos alto. E falemos bobagem. E que falemos sério. Falemos tão sério a ponto de assustar alguém e fazer rugas na testa. Mas que brinquemos, também. A ponto de não conseguir conter o riso e ter cãibra nas bochechas. 


O peso que os rótulos carregam em uma relação


        Dia desses, estava conversando com um amigo sobre o assunto relacionamentos. Até que ele acabou revelando que seu namoro de pouco mais de sete meses havia “dado um tempo”. Perguntei os motivos e ele me revelou que ambos estavam com muitos problemas, cada um com suas famílias, e isso acabava resultando em muitas brigas entre os dois, por isso, resolveram dar um tempo... Apesar disso, ambos continuavam conversando todos os dias, saindo todos os dias, transando, apoiando um ao outro, e tudo o mais, mas resolveram colocar os assuntos envolvendo os problemas de cada um, de lado. Disseram que assim que conseguissem resolver os problemas, cada um os seus, voltariam e tudo ficaria bem.

Em decorrer disso me peguei pensando: os dois continuavam agindo como casal, saindo como casal, conversando como casal, interagindo como casal, transando como casal, mas por problemas particulares de cada um resolveram terminar e deixar o posto de namorados.

O mesmo aconteceu com um casal de amigos meus, há algum tempo. Ambos resolveram terminar por consequência de muitas brigas entre si. Mas mesmo terminando, continuaram conversando, saindo, ficando e tudo o mais. É como se quando uma relação está ausente de um título, as pressões, cobranças e responsabilidades desaparecessem. Como se o título “namorados” carregasse um peso enorme.

Outro dia, em uma aula de psicologia, o assunto amor entrou em pauta. A discussão era sobre o fato do amor não ser um sentimento, mas sim uma ação. Em minha opinião, a base de um relacionamento é SIM a paixão, o carinho e todos os possíveis sentimentos sinônimos de amor. Mas o que realmente o sustenta são ações. É a confiança que construímos, a cumplicidade, a intimidade, a fidelidade, a lealdade, a amizade. E é como se quando não colocamos um rótulo categorizando que tipo de relação estamos vivendo, tudo ficasse leve. O fato dos meus tais amigos não intitularem suas relações como “namoro” não muda o fato de se amarem e de ser uma relação.

Todos merecemos um tempo para nós mesmos. Seja por influencia de problemas pessoais, profissionais, etc. Mas é como se isso interferisse a relação que temos com alguém e precisássemos, por necessidade, nos manter longe do rótulo que essa relação traz. Oras, se a relação atrapalha tanto, deveríamos nos livrar por completo delas, mas ao invés disso apenas nos livramos do rótulo que ela traz (ficante, namoro, noivo, casado). E é como se, nos livrando do rótulo que a relação carrega, nos livramos também das pressões e cobranças e de toda a parte chata. Como se os rótulos carregassem um peso enorme que toxicasse as relações, e impedisse-as de serem, de fato, uma relação.

Relacionamentos não são como um contrato. Ou como uma embalagem de algum produto exposto na prateleira do mercado. Rótulos são meras formalizações, ninguém para pra ler o rótulo de um produto. O que importa mesmo é o conteúdo.

Não acredito em “tirar um tempo do namoro”, porque sei que cada um dos envolvidos em uma relação precisa ter sua individualidade, sua privacidade, seus momentos de querer ficar apenas consigo. E isso é algo que PRECISA ser respeitado. Querer tirar um tempo só pra mim, por estar com problemas (não é sinônimo de querer tirar um tempo do meu relacionamento. A menos que o problema seja SOBRE o relacionamento. O relacionamento vai continuar ali, mas se eu quiser evitar de falar sobre coisas sérias que rendam em discussão, eu o farei. Se eu precisar passar um tempo sem falar sobre nada do que está acontecendo em relação a um problema, eu o farei.  Se eu precisar sumir por um mês em algum sítio da roça pra colocar os pensamentos em ordem e resolver minha vida (À PARTE DA RELAÇÃO), eu o farei. E o relacionamento não vai ser menos relacionamento por isso. 

Porque raios abandonar um rótulo deixa a relação mais fácil? A relação continua a mesma! Só ausente de um título. Abandonar um relacionamento por problemas que não envolvam o relacionamento, pra mim, é sinônimo de que a relação está sendo um fardo. O que muitas pessoas não entendem é que podemos tirar um tempo pra nós sem tirar um tempo da relação. Porque mesmo que namoremos, noivemos, casemo-nos, ainda temos uma vida que não envolve o parceiro. Cabe a cada um saber respeitar o espaço do outro. Quando passamos a entender isso, aí sim significa que estamos maduros o suficiente para manter um relacionamento. Com rótulos, ou sem.

Campanha borra o batom das mulheres por uma boa causa: Prevenir o câncer de colo de útero



        Ontem, enquanto eu passeava pelo Instagram, me deparei com uma série de fotos de várias mulheres (e até homens), todas da mesma forma: usando batom vermelho borrado pelo rosto. Mais tarde fui descobrir que se tratava de uma campanha. 

O câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Esse tipo de câncer demora muitos anos para se desenvolver. O que pode começar com uma simples ferida, pode se desenvolver em um grande tumor, com o passar do tempo. O exame preventivo tem a capacidade de descobrir se há alterações das células que não a origem ao câncer. 

A principal causa é a infecção pelo vírus HPV. O início precoce da vida sexual, a diversidade de parceiros, o fumo e a má higienização íntima são coisas que influenciam bastante no desenvolvimento dessa infecção. Conforme a doença ocorre, alguns dos sintomas são o sangramento vaginal, corrimento e dor.

As tais fotos fazem parte de uma campanha criada pela ONG Jo's Cervical Cancer Trust, intitulada de #SmearforSmear para incentivar às mulheres a se conscientizarem sobre a importância de se prevenirem do câncer de colo de útero. 

A campanha consiste em tirar uma foto sua usando batom vermelho borrado pelo rosto usando a hashtag #SmearforSmear. A expressão smear significa "borrão" - assim como o batom borrado nas fotos - e smear tests significa Teste de Papanicolau, o exame que diagnostica o câncer de colo de útero. Daí o título.

A campanha começou com fotos de alumas famosas, como Georgia May Jagger (a filha de Mick Jagger), Cara Delevigne, Suki Waterhouse e Rita Ora, mas quem disse que não é todo mundo que pode participar?! Aqui algumas amigas minhas e seguidoras do instagram também fizeram parte da campanha.



Se também fizera parte dessa campanha, mostra a sua foto pra gente. Mas não basta só postar a foto, não, galera! Tem que participar de verdade! Faça o exame e se previna! 

Pseudo felicidade de instagram



        Dia desses eu estava fazendo uma faxina nas minhas redes sociais. Excluindo fotos e posts antigos que julgo irrelevantes no dia de hoje. Não estava fazendo nenhuma seleção das coisas mais bonitas ou feias, mas sim das realmente memoráveis. Das que tinham um real significado por detrás de uma singela exposição. Comecei, então, a relembrar e analisar cada um dos momentos em que algumas das fotos que ali estavam foram tiradas. 

Uma das minhas melhores amigas, depois da caneta e papel, é a câmera. Mesmo sendo escritora por amor e genética, reluto em admitir que existem alguns momentos que nem mesmo as palavras conseguem descrever, e que só uma fotografia consegue expressar.

Ainda avaliando as fotografias das minhas redes sociais, percebi que pelo menos 80% do que estava ali era inteiramente superficial. Não retratava momento nenhum e nem significado nenhum. Percebi que a maioria das fotos não tinham nada agregado além da vontade de transparecer que minha vida era mais interessante do que de fato era. 

Acabei excluindo tudo o que não representava um significado real. E prometi pra mim mesma que a partir dali, eu só postaria alguma coisa se houvesse mesmo a necessidade. 

A verdade é que perdemos muito mais tempo postando sobre um momento do que vivenciando-o. É a famosa pseudo felicidade de Instagram. Tudo parece mais feliz, mais real, mais divertido, mais mais do que realmente é. Como se os momentos só existissem se os registrarmos nas redes sociais. Como se, se não tirarmos uma foto do prato de comida que comemos naquele restaurante italiano, não tivéssemos comido-o de fato. Se não fotografarmos a viagem àquela praia paradisíaca na qual fomos nas férias, não tivéssemos ido de fato. Se não tirarmos uma foto do beijo que demos em alguém que amamos, não o amamos de fato. Porque amor só é amor se todo o seu Facebook souber da tarde que vocês passaram juntos. 

Enquanto escrevo esse texto, me encontro no terraço da minha casa. Um terraço onde tenho o privilégio de uma vista lindíssima que engloba todo o meu bairro, uma cidade vizinha, e chega até as montanhas da serra. E só fui perceber a hipocrisia que estava cometendo quando um pássaro pousou bem em cima da tela do meu computador, me fazendo voltar a atenção para um espetáculo bem diante de mim. Enquanto eu estou com a cara enfiada no computador e fones de ouvido com uma música aleatória tocando, estava perdendo a cena de pelo menos dez pássaros dançando ao meu redor, com um canto lindíssimo. Minha primeira reação foi pegar o celular e fotografar esse momento. Então o que fiz foi fechar a tela do computador, tirar os fones de ouvido e guardar o celular. E apreciar essa cena tão única. Talvez se eu tivesse continuado escrevendo, ou mesmo tirado a tal foto, esse momento perdesse um pouco do encanto.

A realidade é que alguns momentos são tão nossos que o simples ato de não registrá-los os torna mais vivos ainda. Porque o tempo que teríamos perdido registrando-os, passamos aproveitando-os. E eles não serão menos reais por estarem apenas em nossas lembranças ao invés de em uma foto.



Precisamos falar sobre o aborto - O lado que não te contaram


        É difícil ter opinião sobre um assunto que não está presente na sua realidade. Mas ao mesmo tempo em que não está presente na minha, está na de mais da metade da população. É difícil ter opinião sobre um assunto tão conflitante entre todos os seus lados. Sobre um assunto que ao mesmo tempo em que te abre uma nova chance, te tira todas as outras. Um assunto que ao mesmo tempo em que te oferece uma vida – diferente –, te tira outra.

Desde 1984, de acordo com o Código Penal Brasileiro, o aborto é tido como crime contra a vida humana. Desde 1984, milhares de mulheres já perderam suas vidas na tentativa de fazer abortos em clínicas clandestinas. O número de abortos ilegais por ANO ultrapassa 1 milhão. De um lado, mulheres que não tiveram a chance de escolher ou planejar uma gravidez. Do outro, mais dedos que grãos de areia apontados para essas mulheres, carregados de críticas e opiniões baseadas em crenças.

Não tenho uma opinião formada sobre o aborto, mas o fato é que está chegando em um ponto – aliás, já passou dele há muito tempo – em que precisamos parar de colocar uma cortina na frente desse assunto só porque vai contra suas crenças religiosas. Ter uma opinião sobre algo que não está presente na sua vida é algo bem diferente do que você passar por essa realidade. O ser humano é um bicho egoísta incapaz de se colocar no lugar do outro, porque o que vale são seus princípios e os de mais ninguém. Porque o que não condiz com o que ele quer ou acha, é errado.

Esse papo todo de que aborto é errado porque não se trata só de você, mas também de uma vida que está sendo fecundada dentro de você. O ponto não é apoiar o aborto. Ninguém é a favor do aborto. Ninguém é a favor de fazer alguém passar por uma tortura - física e psicológica – que isso é. O ponto é ser a favor da legalização dele. Criminalizar o aborto não impede que ele continue acontecendo. Não se trata das suas opiniões baseadas em religião ou política, se trata de impedir que mais mulheres percam suas vidas todos os dias indo em clínicas clandestinas que mais parecem matadouros. Legalizar o aborto não fará o número de abortos crescerem, fará a taxa de mortalidade feminina diminuir. Não se trata de crenças religiosas ou políticas, se trata da saúde pública.

É aquela velha história do “se você não gosta de algo, não o faça”. Se é contra o aborto, não faça um em você. Você tem todo o direito de ser contra ou a favor disso. Cada um pode ter a opinião que quiser. Mas a mulher merece ter o direito sobre o próprio corpo. Assim como você teve o direito de escolher ficar com o filho, sua vizinha pode ter o de tirá-lo por não estar preparada pra ser mãe.

Uma mulher ter feito sexo e engravidado não é motivo pra precisar lidar com essa consequência pro resto da vida. Isso porque um filho não é pra ser consequência. O aborto é algo muito maior do que “tirar um filho não planejado”. A parte psicológica é muito forte.

Estou escrevendo esse texto depois de ter assistido a um documentário que mudou toda e qualquer opinião que eu pudesse vir a ter sobre o assunto. É muito mais fácil apontar os erros de alguém do que se colocar em seu lugar. 

O documentário “CLANDESTINAS” mostra a história de várias mulheres que fizeram um aborto. Cada uma com seu motivo. É muito diferente quando vemos um assunto de um lado que não é o seu. 




Sobre casamentos que não deram certo e o (NÃO) fracasso que isso é



        Cresci com pais separados que decidiram que não seria o fim de um casamento que os afastaria como amigos. O casamento continuou. No papel. Mas mesmo que o amor não tenha sido forte o suficiente pra separar todas as barreiras e obstáculos; o carinho, o respeito, a cumplicidade, a honestidade e a amizade prevaleceram.

É estranho pra quem vê de fora enxergar uma situação dessa como “normal”. Mas afinal o normal não é menos normal por ser diferente do habitual.

Duas pessoas que não se amam mais, continuarem presas em um casamento?! Bem, a verdade é que essa é uma realidade tão constante na minha vida que nunca parei pra avaliá-la. Claro que como toda criança que convive com um determinado tipo de coisa, isso acabou me influenciando de certa forma. Mas longe de ter sido uma influencia ruim. Quão mais velha fui ficando, mais distante da fantasia de “felizes para sempre” fui estando.

Nós somos acostumados a, desde pequenos, acreditarmos que o amor e o casamento é algo que deveria durar para sempre. E quando não dura, é sinônimo de fracasso.

Li hoje um texto da Martha Medeiros onde ela diz que os pais precisam acostumar seus filhos a lidarem com os diferentes tipos de relacionamentos e a falta deles. Ensinarem também que o casamento – ou mesmo um mero namoro – não é uma algema que te prenderá até o fim da sua vida. Se der certo, que lindo. Mas se não der, também é normal.

Convivo desde que nasci com pais que não dormem mais juntos, não se beijam, não dizem “eu te amo”, não andam de mãos dadas e sequer usam aliança. Mas por outro lado, um sempre dá apoio quando o outro precisa, os dois não se desgrudam e enfrentam todos os problemas – profissionais e pessoais – juntos, um ouve os desabafos do outro, tanto um quanto o outro me dão bronca quando faço alguma coisa errada. Dia desses os dois sentaram comigo no sofá pra dizer que não estava ajudando muito em casa e que eu precisava me esforçar mais. Em todas as datas especiais como aniversário, dia das mães ou das mulheres, meu pai surge com flores para minha mãe. E em todas as datas especiais como aniversário e dia dos pais, minha mãe surge com uma caixa de chocolates para o meu pai. Almoçamos todos juntos. Passeamos todos juntos. Convivemos todos juntos, o tempo inteiro. Os dois construíram uma vida juntos, mesmo não estando de fato juntos. 

É realmente estranho imaginar um casal que tenha se separado mas continuado na mesma casa, e ainda amigos, cuidando um do outro e de uma filha que tiveram juntos. Se minha mãe pensa em se apaixonar? Diz ela que não. Se meu pai pensa em correr atrás de outra mulher? Diz ele que está velho demais pra isso. Que duas – eu e mamãe – já lhe dão dor de cabeça o suficiente.

A influencia que isso tudo teve sobre mim foi muito positiva, ao contrário do que se imagina. Nunca tive medo de terminar um relacionamento, por exemplo. Pelo simples fato de não achar que estou fracassando por não ter dado certo, mas sim tendo coragem de enfrentar uma situação que não me fazia mais feliz.

Aprendi que quando um relacionamento foge do habitual estereótipo de comercial de margarina, não significa que seja errado. Pelo simples fato de que nenhum relacionamento é igual ao outro. Cada casal funciona da sua maneira.

O fato dos meus pais não se manterem como casal não diminui minhas crenças no amor ou minha vontade de um dia casar, ter filhos e até um cachorro. Porque aprendi a discernir o que eu quero pra mim mesmo com uma realidade completamente diferente ao meu redor. E se um dia eu me casar e não der certo?! Não deu. E minha vida não vai acabar por isso.

As pessoas estão se tornando cada vez mais carentes, cada dia que se passa. E quando elas não tem alguém a seus lados, sentem como se tivessem fracassado.

O ser humano é uma criatura muito ampla pra ter de se restringir a um determinado padrão. As relações humanas são diferentes uma das outras. E diferente não é sinônimo de errado.
 Apesar dos meus pais não formarem mais um casal, são felizes juntos. Como amigos. Da maneira deles. E isso não nos torna menos família do que meus vizinhos ou os seus. 

Sobre decisões certas e melhores decisões



       Foi vestida com uma camiseta velha e surrada, de calcinha, os cabelos presos em um coque, uma garrafa de cerveja gelada e um cigarro no fim, que tive essa singela epifania. Eu estava sentada na beira da cama, olhando para fora da janela, como se o lado de fora fosse me trazer as respostas pro que, na verdade, estava dentro de mim.


O quarto estava desarrumado. Culpa sua, que não arruma a bagunça que faz. Inclusive a que fez dentro do meu coração, também. Talvez o quarto fosse um reflexo de como eu me sentia do lado de dentro.

Olhando pra cerveja que já estava no fim, eu me perguntava quando é que começamos a tomar as decisões certas. Talvez precisássemos entrar na vida de gente grande. A vida de quem acorda cedo, perde horas em um ônibus lotado pra chegar até um escritório que nos faz mais infelizes do que nossa vida já é sem aquilo. A vida de quem esquece o que é amar, o que é sorrir, o que é escolher algo por si mesmo. Como se crescer e amadurecer dependesse de não cometer erros, levar a vida a sério, não aprontar besteiras e, acima de tudo, seguir o caminho certo. Mas que merda de caminho certo é esse? Meu pai vive falando que meu primo sim é que seguiu o caminho certo. Ele tem mulher, dois filhos e um trabalho bem remunerado. Mas tem os olhos mais tristes e vazios que já vi. Tem a vida mais monótona e carente de tesão que conheço.

Tomar as decisões certas, optar pelo caminho mais seguro, não falar palavrão, não fazer bobagens, não perder tempo com futilidades. Talvez a resposta fosse não tomar as decisões certas, mas saber escolher o que é melhor pra mim.

Por muito tempo deixei que as pessoas fossem embora quando tinham vontade, ao invés de pedir para elas irem embora quando percebesse que tinha chegado a hora. Deixava que elas continuassem comigo até que tudo ficasse desgastado, por medo de ficar sozinha e não saber com enfrentar o que viria a seguir. Deixava que elas estivessem na minha vida sem realmente estarem por não ter coragem o suficiente pra escolher.

Um dia descobri que pra quem não sabe o que quer, tudo serve. Então aprendi a decidir o que queria antes de investir em alguma coisa ou em alguém. Algumas pessoas continuaram indo embora, mas dessa vez por escolha minha. Era com dor no coração, lágrimas pelo rosto e órgãos reprimidos que comecei a fazer eu mesma a hora do fim chegar. Porque a partir daquele momento quem fazia meu destino era eu. Eu sabia o que eu queria e não aceitaria menos do que merecia.

Recebemos das pessoas aquilo que emitimos para elas. Já pensou que a culpa dos relacionamentos ruins que você mantém com as pessoas com quem convive, talvez seja sua? As coisas começam a tomar um rumo diferente quando paramos de culpar tudo à nossa volta por não ser como queríamos que fosse e passamos a procurar onde nós estamos errando.

Se nossa vida está errada. Quem está errando somos nós.

As decisões certas são as que fazemos nos baseando no que nos fará feliz. E se nem você mesma sabe o que é melhor pra você, porque ainda reclama quando algo dá errado?

O que eu aprendi com o Tinder



        Dentro de um mundo feito de carências superficiais, autoestima baixas e a necessidade da aprovação e aceitação alheia disfarçados em frases de auto-ajuda como descrição e muito efeito de instagram na foto de perfil, encontramos os tão famosos sites e aplicativos de relacionamento. 

Atire a primeira pedra quem nunca - nem por uma singela curiosidade - criou uma conta em algum desses tinder's da vida. Eu, como curiosa e sem nenhuma maldade no coração que sou, não vi mal nenhum em criar a minha. Algumas fotos cuidadosamente selecionadas, que expusessem meu rosto e corpo no melhor ângulo, uma descrição muito bem elaborada falando sobre o porque você deveria me curtir e a coragem pra clicar em "criar conta". E foi assim que entrei no artificial mundo do Tinder.

Que diabos é Tinder? Se você não faz parte do mundo que carece de gente que goste de você e nunca sequer ouviu falar desse aplicativo, eu explico. Depois de criar um perfil, e selecionar se seus interesses são do sexo masculino ou feminino, uma chuva de pessoas - que também possuam o aplicativo - vão aparecer na sua tela. E cabe a você decidir - de acordo com aparecias e estereótipos - se vale ou não a pena trocar algumas palavras em um chat e até mesmo sair para um encontro. 

E o que diabos eu fui fazer nisso?! 

"Sou bonita e interessante o suficiente pra alguém querer me curtir". Mas o suficiente pra que? Ou pra quem? Pra alguém que não vai trocar mais de "oi, tudo bem?" com você? Não que eu esteja querendo moralizar a coisa toda, porque convenhamos que a sensação de gostar de alguém e ter a reciprocidade de um "like" dá uma sensação maravilhosa na alma e no coração. Uma sensação que não dura mais de um minuto, e depois passa. Passa porque a menos que a pessoa não te ofereça um papo carregado de um vazio enorme, aquela pessoa não vai mudar nada na sua vida. 

Muitas das pessoas que entraram no mundo do Tinder me alegaram que você passa a enxergar o mundo de uma forma diferente. E eu só fui entender isso depois de eu mesma entrar nele. Então afinal de contas o que eu aprendi com o tinder?

O mundo não é formado pelo mesmo tipo de pessoa, e disso todos sabemos. Se todos fossemos iguais, não existiria o preconceito, a desigualdade social, o racismo, a homofobia, a guerra, a xenofobia. E os noticiários como o do Datena ou Marcelo Resende nem sequer existiriam. Se existe algo que aprendi no decorrer do tempo é não preciso  gostar de tudo o que a sociedade tem para me oferecer, mas tenho a obrigação de respeitar. Respeitar gostos diferentes dos meus, opiniões diferentes das minhas, religiões diferentes das minhas, culturas e costumes diferentes dos meus, e por aí vai. E acho que se todas as pessoas conseguissem ter isso em mente, o aprender a respeitar, talvez muitos dos problemas morais desapareceriam e, consequentemente, os físicos também. E o que tudo isso tem a ver com eu baixar um aplicativo de relacionamentos? Tudo. 

Qual é a primeira reação, padrão, do ser humano quando não gosta de alguém ou de alguma coisa, seja pelo motivo que for? Criticar, querer mudar, impor sua opinião sobre aquilo, brigar, e nos casos mais extremos até violentar e matar. Tudo isso pelo simples fato de não concordar.  Homofóbicos, racistas e xenofóbicos extremistas que o digam. 

Não podemos mudar todas as pessoas do mundo só por não serem como gostamos. No Tinder, quando não gostamos de alguém, temos a opção "X" que descarta aquela pessoa e passa para a próxima. Uma solução tão simples pro caso de você não gostar de alguém que deveria ser levado para a vida. Alguém ser feio, mais bonito que você, gordo, magro, gay, hetero, trans, negro, asiático, branco, roqueiro ou funkeiro não vai interferir a sua vida a menos que você interfira na dela. Porque então não apenas ignorar e seguir em frente? Tantas pessoas vítimas de preconceito pelo simples fato de alguém não gostar de como elas são. As pessoas são diferentes e não podemos impor nossas vontades sobre ninguém só por não concordarmos com elas. Façamos como no Tinder então, dê um "X" e continue sua vida. Se não gosta de alguém, não fique perto dele. Se alguém te ameaça tanto assim por sua singela aparência ou gostos diferentes, ignore-o. Mude de lugar. Ninguém é obrigado a ficar perto de quem não gosta. Mas respeitá-lo, sim. 

Aprender a lidar com todos os tipos de pessoas é algo que nos ajuda tanto pessoal quando profissionalmente. Sempre fui o tipo de pessoa que mesmo sendo muito sociável, me restringia a apenas determinados tipos de assuntos ou pessoas. E isso é de total influencia do conhecimento que temos ou a falta dele. Gostamos de falar sobre o que sabemos. Não que a ignorância seja pecado, mas é reversível a partir do momento que nos propomos a agregar coisas novas. Depois de tantos "likes" no Tinder, acabamos por conversar com todo tipo de gente e lidar com todo tipo de assunto, gosto e opinião.

E por falar em aparência, o "julgar o livro pela capa" reina. Perdi as contas dos homens maravilhosos que dei o meu tão sofrido "like" e não me ofereceram sequer um bom assunto ou nível de intelecto, e dos que só curti pela descrição e me ofereceram tardes inteiras de assuntos e diversidade. 

O que aprendi com o Tinder, então, é que um aplicativo nunca é só um aplicativo. Quem diria que um simples aplicativo de relacionamentos realmente me faria mudar a visão que tenho sobre o mundo. 


Nesse ano eu...

        Há alguns anos resolvi começar uma tradição de todos os dias 31 de dezembro, fazer uma lista com todas as metas que quero realizar no ano que está por vir. Passava horas escrevendo e reescrevendo itens e mais itens de conquistas materiais e momentâneas. E ano após ano, na hora de conferir o que consegui realizar, sempre terminava decepcionada por a maioria dos itens ficarem em questão. 

Mas afinal, o que eu fazia pra conseguir realizar o que marcava? Quantos dedos eu realmente mexia pra ir atrás do objetivos que passava horas planejando? O quanto eu me esforçava pra cumprir cada uma daquelas metas? Escrever por escrever qualquer um faz. Esse 31 de dezembro me sentei pelo menos umas quatro vezes encarando a folha de papel na esperança de que algo saísse. Nada. Dei uma volta pelo quarteirão, peguei um ônibus lotado, fui até o parque, passeei com minhas cachorrinhas. Nada. Era como se eu não conseguisse mais acreditar em tal tradição. 

Acredito que em determinado momento, todos temos acabamos parando de estabelecer metas e acreditar em expectativas. Eu cheguei no meu momento de parar de esperar alguma coisa. Talvez nada aconteça, mas talvez tudo aconteça. No ano de 2015 existem um trilhão de metas que eu realmente quero cumprir. Mas de um jeito diferente. Avaliando todas as minhas listas dos anos que passaram, nunca desejei algo de fato para mim. Para o meu melhor. E "quero fazer uma tatuagem" ou "vou começar Frances" não conta. Talvez eu devesse parar de esperar pelas coisas materiais e ir atrás - eu mesma - das espirituais. Se como consequência eu conseguir aquilo que desejo, então meu ano está cumprido com chave de ouro.

Neste ano eu quero largar as telas do Instagram, Whatsapp ou Facebook e me concentrar nos momentos que estou vivenciando. Nunca se sabe quando pode ser o último e não quero perdê-lo escrevendo sobre ele nas redes sociais. 

Neste ano eu quero ser um pouquinho mais egoísta. Parar de focar e ceder para todas as vontades que os outros tem sobre mim ou sobre alguma situação relacionada a mim, e avaliar o que EU quero. Quero ter toda e completa noção de quem eu sou e do que eu procuro pelo mundo. E ir atrás disso. Para quem não sabe o que quer, qualquer coisa está boa. 

Neste ano eu quero parar de pensar que as coisas vão melhorar, e quero começar a fazê-las melhorar. 

Neste ano eu quero me apaixonar.... pela vida! Me apaixonar pelas pessoas que me cercam, pelos ambientes e detalhes que cruzam com o meu caminho, pelas comidas que degusto, pelas risadas que dou, por quem me fez dar as risadas. Por músicas, livros, filmes e histórias novas. Pelo pãozinho da padaria do Sr. Joaquim. Quero parar de reclamar pelo que não tenho e começar a apreciar o que tenho. 

Neste ano quero parar de exigir dos outros o que eu mesma preciso me dar. Quero parar de carecer por sentimentos que faltam dentro de mim que apenas eu posso criar. Quero parar de esperar pela boa vontade dos outros e ir atrás das coisas por mim mesma. 

Neste ano quero parar de procurar reviver emoções e passar a criar novas. 

Qual vai ser o resultado de tudo isso?! Também estou ansiosa pra descobrir.

Quando a coragem nos é imposta




        De vez em quando a vida nos testa. Ela nos coloca de frente com nossos maiores medos e acaba virando aquela velha história de “matar ou morrer”.

Quando não temos coragem de enfrentar a vida, a vida coloca a coragem imposta a nós e somos obrigados a encará-la.

A comodidade nos ensina que o fácil e conveniente – a curto prazo – é mais eficiente do que encarar as coisas de frente. Mas é a partir do momento em que pegamos as rédeas da nossa própria vida que temos o poder de controlar o destino – ou seja lá o que o futuro tem pra nos oferecer.

Qualquer coisa é boa pra quem não sabe o que quer. O meu conselho? Mesmo que você não saiba pra onde está indo, tenha certeza de que é o que você quer fazer e de onde você quer chegar.

Seja onde for ou com quem for, é de natureza – egoísta – do ser humano que façamos as coisas pelo que nos é conveniente. Nós sabemos que é o caminho certo quando mesmo que não nos seja conveniente, nós continuamos. Porque temos uma motivação.

Amadurecer se trata de, mesmo que chegue a doer dentro da própria alma, sentimos orgulho de nós mesmos por tomarmos determinada decisão. Porque sabemos que mesmo que difícil, era o certo.

Então eu digo que não, não é a comodidade e a facilidade que nos levará a resolução dos problemas. Mas elas tem o poder de adiar o que não estamos prontos para enfrentar. Desde que você saiba que está apenas adiando o inevitável para uma oportunidade futura onde, talvez, você tenha tido essa coragem imposta a você.

O medo é algo que irá nos perseguir tomando uma decisão ou não. Então prefiro sentir medo sabendo que fiz o certo do que não fazendo nada. 

Pelo menos me rendem boas histórias pra lembrar...

Esteja ali porque quer estar


Movida pela exaustão em ler sobre ser adepta à autenticidade porque só assim a atração dele ou dela vai ser voltada pra você, resolvi manifestar minha opinião sobre você precisar ser autentica pra sua atração ser voltada pra você.
A estereotipia das comédias românticas em fazer-te acreditar que uma mulher de verdade é aquela que prefere sair com você e seus amigos pra beber uma cerveja e ver futebol ao invés de ficar chorando com Nicholas Sparks em casa, ou que um homem perfeito é aquele bad boy que só quer saber daquela mulher no canto do bar ao invés de querer ir pra cama com todas, é exaustiva.
Lembro de um professor, meu, de filosofia que sempre mencionava sobre o ser humano ser dividido em três partes: o que ele é, o que ele quer ser e o que os outros acham que ele é. O que faz de alguém ser autentico ou não é o equilíbrio entre os três. Ser quem é, almejar ser cada dia melhor – para si mesmo – e transparecer o que há dentro de si.

Lembro-me de um episódio em um lugar onde estudei, certa vez. Ao sair da sala de aula, me deparei com uma menina sentada do outro lado do corredor, com Edgar Allan Poe nas mãos e fone nos ouvidos. Ela possuía uma expressão de surpresa no rosto e um “O” formado em sua boca.

Enquanto as pessoas se reuniam pra ir num barzinho que ficava ao lado, ela continuava ali. Recusando todos os convites com uma educação fora de si, um sorriso no rosto e os olhos voltados para a história.

A diferença entre ela e 90% das outras pessoas é porque dava pra sentir que ela estava ali porque queria estar. Preferiu ficar lendo do que ir beber porque era exatamente aquilo que ela queria fazer. E, sim, a autenticidade é tão forte que é perceptível mesmo de longe.

Foi naquele momento que comecei a pensar: será que estamos exatamente onde queremos estar ou só estamos ali pra causar uma impressão artificial do que, na verdade, nós queremos aparentar?!

Se permitir sentir ciúmes porque você está apaixonada, discutir porque você não concorda com o que lhe disseram, preferir suco de maça a uma cerveja gelada, ler cinquenta tons de cinza no metro, dançar Valesca Popozuda, chorar com Crepúsculo, não achar graça de uma piada de humor negro ou de teor machista, achar política uma perda de tempo, não concordar com o casamento gay, não gostar de filmes Cult, cortar o cabelo nas orelhas, no calor, porque você não aguenta mais aquela cabeleira, pegar todas na balada, ou mesmo ficar em casa com o namorado vendo filme de terror. Falar “eu te amo” porque você ama alguém. Parar de insistir em apego ou desapego e se permitir. Tudo isso porque é o que você quer e não porque quer impressionar alguém.

Não existe sex appeal maior do que estar em um lugar porque você quer estar, fazer alguma coisa porque você quer fazer, vestir determinadas roupas porque é o que você quer vestir. Tudo porque é o que você quer. Porque é daquele jeito que você se sente bem.

Não deixar de ser independente, forte, confiante, inteligente mas ceder pro amor, pros medos, anseios e futilidades que todos nós temos. Isso não te torna “só mais um” ou carregado de excentricidade. Isso te torna você. E cada ser humano é único com as qualidades e defeitos que tem.


Os problemas, o emaranhado de fios e o vestibular


      Talvez devamos parar de culpar os fatores externos e começar a olhar pra dentro de nós mesmos e assumir a culpa que carregamos e exercemos para conosco.

Claro que, de certa forma, acabamos sendo influenciados pelo que existe ao nosso redor, mas a maneira como transformamos e lidamos com as experiências, sejam elas boas ou ruins, somos nós mesmos. Então hoje eu parei de tentar medir as palavras e deixei que, de acordo com meu coração, as palavras fossem fluindo.

Acordei seis horas da manhã na expectativa de que o dia fosse produtivo. Tenho um esdrúxulo gosto por acordar cedo. Talvez meu processo criativo seja matinal e não vespertino. O dia, até agora, foi uma merda. Nada que agregasse. Ok, talvez não até antes de eu começar a escrever esse texto.

Então eu vou preferir chamar isto de carta ao invés de um conto ou um texto aleatório. E como toda carta precisa de um destinatário, dedico os próximos parágrafos para quem já olhou no espelho e sentiu ódio do que via.

Talvez se odiar não tenha nada a ver com como o mundo te vê, mas sim como você se vê perante o mundo. Ou, na maioria das vezes, com nenhuma das duas coisas.

Às vezes nos sentimos tão sobrecarregados e tão tomados pelos problemas, mágoas, dores do passado, talvez até traumas, e ao invés de enfrentá-los de uma vez, vamos acumulando-os e empurrando com a barriga até onde dá. O problema é quando não conseguimos mais arcar com o peso de tudo isso, então essa bola de neve acaba caindo em cima de nós. E o que era pra ser um fator externo acaba sendo refletido em como nos sentimos conosco. Às vezes até mesmo na nossa aparência.

Algo que adoramos fazer é botar a culpa das pessoas pelo simples fato de não termos coragem de olhar para nós mesmos. Enxergar o defeito do outro é sempre mais fácil do que assumir os nossos. Então, quando finalmente temos coragem de olhar pra dentro de nós, lá pro coração, lá pro fundo da alma, só conseguimos ver uma pilha de lixo. Por todas as partes.

Eu vejo os problemas das pessoas como um emaranhado de fios. Se vemos esse emaranhado como um todo e entramos em desespero pra tirar todos de uma vez, o emaranhado só tende a dar mais nós. Mas se desenrolamos um fio de cada vez, mesmo que demore, uma hora acabamos conseguindo desemaranhar todos.

E qual é o primeiro fio que você tentaria desenrolar? O da superfície ou o do núcleo do emaranhado? Se nos sentimos tão mal conosco e não sabemos por onde começar, talvez devêssemos resolver as coisas superficiais antes de tudo. E essa superficialidade acaba sendo ligada ao núcleo.

Sempre fui fiel à teoria de que o que é pra acontecer, acontece na hora certa. Mas talvez isso de destino seja uma desculpa pra esperar que as coisas se resolvam sozinhas ao invés de nós mesmos resolvê-las.

Os problemas são como um vestibular. Pense como o ensino médio sendo a fase 1 da sua vida e a faculdade sendo a fase 2. Pra passar pra fase 2, você precisa resolver o vestibular. Pra resolver as questões de um vestibular, sempre começamos pelas mais fáceis e as difíceis deixamos pro final. De qualquer forma, acabamos resolvendo todas as questões.

Então pare neste momento e faça uma lista com dois itens: “Quais são os seus problemas” e “O que você pode fazer pra resolvê-los”.

Qual é o lado bom de tudo isso? Bem.... Já estamos no final de outubro e é em novembro que os vestibulares começam. Quando é que você vai ter coragem pra fazer a inscrição

A ânsia por se permitir



        Dizem as boas línguas que as leis do certo e errado são completamente relativas. Isso porque as influencias funcionam de formas diferentes para cada um.

As pessoas passam a maior parte de suas vidas fazendo escolhas se baseando na expectativa – que elas pensam ser – dos outros. Tudo isso por medo de serem julgadas, lá na frente.
O problema que ninguém conta pra você é que esses “outros” não estarão lá na frente quando as consequências das suas escolhas vierem.

A questão crucial que lhes ofereço para refletir é: se seremos julgados fazendo ou não o que queremos, porque não ser julgado por fazer, então? A vantagem disso é que, pelo menos, você fez o que queria fazer.

Sou uma amante assumida dos amores gritados aos quatro ventos de todos os cantos. Os desamados e desalmados que me perdoem, mas o amor é muito bonito pra ser mantido em segredo.

Voto por podermos ter o direito de fazer, ser, sentir, querer, opinar, idealizar, sonhar, amar, repulsar, ansiar, objetivar, pensar, usar e realizar o que bem entendermos, independente de julgamento, aceitação ou exclusão de terceiros.

Voto pelo direito de flertar, beijar, se apaixonar, se encantar, se excitar, transar, gozar, acordar ao lado de, querer, desejar, almejar e amar quem quisermos, quando quisermos. Que seja um, que seja dois, que seja dez. Que seja em uma mesma semana, em uma mesma noite, em uma mesma pessoa.

Que corramos atrás de todos os nossos sonhos e anseios, independente de tudo e qualquer coisa. Que paremos Deus e o mundo em nome de um momento bonito, uma flor no jardim, um casal de velhinhos de mãos dadas, um amor verdadeiro, um olhar penetrante, um beijo em um desconhecido SÓ porque ele tinha um sorriso encantador. Que agradeçamos todos os dias por termos um “todos os dias”. Que dancemos no meio da rua, que ofereçamos um abraço à um morador de rua – e um pão com manteiga na padaria. Que distribuamos poesias e serenatas. Que gritemos porque estamos felizes.

Felicidade boa é felicidade que esquenta mais de um coração ao mesmo tempo, pelas mesmas razões.

Então, os desamados e desalmados que me perdoem, mas os sonhos, anseios e devaneios são meus e eu levo-os onde eu bem entender!


A dor do tempo



        Eles dizem que precisamos ir com calma, tudo tem seu tempo. Mas se esqueceram de observar que eu sou jovem demais para ter paciência e velha demais para poder esperar. Eu tenho energia, eu tenho disposição e tenho uma imensa vontade de amar. Mas eles disseram que eu preciso esperar, tudo tem seu tempo, sua hora, seu momento. Disseram que os céus estão preparando alguém que me compreenda, que me complete e que me ame tanto quanto eu amo literatura. Mas ninguém me perguntou se eu aguento a perfeição.

Ligar no dia seguinte te faz parecer desesperada mas se ficar mais de três dias desaparecida ele pode pensar que você não gostou e chamar aquela gostosa da academia para sair. E adivinha só quem, daqui a exatos trinta dias, vai estar namorando com o cara que você beijou no encontro da noite passada? Exatamente, a gostosa da academia, porque ela soube esperar e agir no tempo certo.

Um mês, no mínimo, antes de demonstrar interesse em ter algo mais sério. Se passar disso nunca vai vingar, como diria minha vó. Se, em menos de trinta dias, você tocar no assunto, o cara vai levantar da sua cama no dia seguinte, pegar a escova de dentes que ele deixou do lado da sua e sair de mansinho da sua vida. Talvez até demore para você perceber que perdeu, talvez só perceba quando ele já não for mais seu.

Mas, alguém nesse mundo, perguntou se a gente quer esperar? São dois dias para poder ligar de volta, um mês para demonstrar interesse em algo sério e uma vida para dizer que ama. Foi-se o tempo que olhar no fundo dos olhos depois de algumas semanas de relacionamento e dizer que o ama é considerado fofo, hoje em dia você não passa de uma solteirona desesperada em busca de um novo amor.

Mas quem disse que, aqui dentro do peito, a gente não sabe se pode ou não virar amor? Se ele é daqueles que vão assistir filme no sofá da sala em pleno domingo ou vai ser apenas nosso sexo rápido de sexta a feira? Não buscamos perfeição, apenas alguém que goste de nós pelo que somos, que olhe enquanto estivermos descabeladas e diga que estamos lindas. 

Eu só quero alguém que não tenha medo de sentir e muito menos de dizer. Já me perdi demais para ficar esperando o príncipe encantado. Já cresci demais para imaginar o amor perfeito. Só quero um colo para aconchegar e alguém para discutir bobagens. Um selinho quando precisar ir embora e uma mensagem no meio da semana dizendo que esta com saudades. Só preciso de alguém que pare o tempo, e não no tempo, enquanto me segura pela cintura. 

Sobre a pessoa que vai marcar a sua vida

        Sempre tive uma teoria a respeito das pessoas para com as outras. Uma teoria sobre a  influencia de algumas delas na vida das outras.

A vida é feita de colheitas. Somos o fruto de tudo aquilo que plantamos. Somos o fruto de cada experiencia, tenha sido ela boa ou ruim, que já tivemos. E, de certa forma, somos o resultado da soma de cada pessoa que já conhecemos. Ok, talvez uma pequena parcela de cada pessoa. 

As pessoas se tornam especiais para nós a partir do momento em que elas passam a nos agregar alguma coisa. Se trata de uma troca. Não necessariamente reciproca, afinal, vivemos em meio a um mundo egoísta.

Essa troca se baseia no que nos é oferecido e no que podemos oferecer aos outros. Como se deixássemos uma parte nossa no outro e recebêssemos outra de volta.

Tudo indo em prol daquela teoria filosófica que questiona quem influencia quem: se o indivíduo a sociedade, ou a sociedade o indivíduo. O fato é que os dois são influenciados um pelo outro.

E mesmo que alguns acabem deixando menos do que deveriam e outros pegando mais do que o necessário, é isso o que nos torna pessoas diferentes a cada dia. Uma estranha forma de amadurecer, mas ainda assim válida. 

Talvez existam certas pessoas pelas quais você precise passar pra mudar. Pra abrir a mente e enxergar o mundo de uma forma diferente. Pessoas que não vão te falar o que fazer, pelo contrário, sem que você perceba, elas farão você conhecer outros caminhos e te dar mais mil opções pra escolher além daquele mundinho que você conhece. E não estou falando "da pessoa certa", dessa vez. Não estou falando daquela que vai acompanhar você pelo resto da vida. Estou falando daquela que vai passar por você, te deixar uma enorme marca no coração e na mente, e depois ir embora. 

Um dia me perguntaram se eu já tinha conhecido essa pessoa. Eu disse que não. Então me disseram "Talvez você seja essa pessoa. Pelo menos, você foi pra mim".

Nosso propósito de vida é arrancar sorrisos e sorrir junto. Arrancar suspiros e suspirar junto. Arrancar amores e amar junto. 

Se você ainda não conheceu essa pessoa, talvez você seja ela...

O que estamos dispostos a arriscar?


        Hoje resolvi acordar um pouco mais cedo do que estou habitualmente acostumada só pra poder levar o cachorro pra dar uma volta no quarteirão e colocar os pensamentos no lugar.

Resolvi acordar um pouco mais cedo pra parar e prestar atenção na vida rotineira de cada pessoa que passava pela rua. Será que aquelas são pessoas realmente felizes? E se não são, o que fazem pra alcançar essa utopia?

Enquanto o cachorro fazia xixi na esquina e comia as folhas do gramado que brotavam na rachadura do asfalto, quis pensar sobre a vizinha que morreu no começo do mês e se ela teve a vida que sempre quis ter. Será que estamos fadados a levar a vida que nos foi designada assim que o espermatozoide alcançou no óvulo, ou será que podemos escolher? Será que essa coisa de destino existe mesmo? E se existir, o que o constrói?

Sempre achei que o destino é escrito de acordo com a esquina que escolhemos virar. Hoje, eu escolhi ir pela avenida ao invés de subir pela vizinhança comum com pessoas e suas casas com portões altos e cachorros bravos latindo. Que destino me foi escrito por ter escolhido passar pela avenida?

Será que existe receita pronta pra sermos felizes? "Oito passos pra ser feliz" era o que dizia na capa da revista. Até onde estamos dispostos a ir pra chegar ao ápice do sucesso? O que estamos dispostos a arriscar e a abrir mão?

Acho que, no final de tudo isso, cada um acaba criando sua própria receita. E não há Ana Maria Braga que contrarie isso. Se queremos, mesmo, que as coisas mudem, paremos de esperar que algo caia do céu e comecemos a fazer por merecer. 

Queremos mesmo tanta liberdade e independência assim? Então pare de ter preguiça pra ir até o mercado fazer as compras do mês. Pare de ter preguiça de limpar a casa e passar a roupa. Pare de preferir ver filme antes de terminar a redação que é pra segunda. Porque pra sair sábado a noite você tem tanta disposição mas pra estudar e passar de ano, não?

Agora são dez e meia da manhã, estou sentada à frente do computador escrevendo sobre a vida. Mas quem diabos sou eu pra querer entender alguma coisa sobre a vida?! Mal tenho dezoito anos e já quero achar que sei sobre o que estou falando. Sei nada! Mas o pouco que sei é que se eu pudesse escolher qualquer coisa pra estar fazendo agora, a última seria estar na frente do computador. Eu poderia, eventualmente, comprando uma passagem de ônibus pra qualquer lugar. Ou talvez estar deitada no gramado do parque com alguém rindo comigo. Ou só estar comendo um sanduíche na padaria da esquina.

Então, você que está lendo agora o que escrevo nessa pequena página da internet, o que você gostaria de estar fazendo nesse exato momento? O que te impede de sair da frente do computador e ir arriscar? É difícil? Ok, mas todos precisamos começar de algum lugar.
Mesmo que seja um centímetro pra chegar lá, é um centímetro a menos do que queremos alcançar.


Sobre sonhar demais e viver mais ainda



        E se, subitamente, descobrirmos que, na verdade, o destino é apenas algo que tecemos dentro de nossas mentes como desculpa para esperar que as coisas aconteçam ao invés de realmente fazê-las acontecer?!

E se descobrirmos que todo nosso futuro não é como nos filmes onde nosso momento de glória aparecerá subitamente e inesperadamente quando cruzarmos a esquina do bar?!

E se descobrirmos que pro amanhã nos oferecer alguma coisa, precisamos batalhar duro hoje?!

Certa vez alguém me disse que eu sonhava demais e vivia de menos. Como qualquer canceriana de bom grado, fiquei estupefata. Enchi o peito e a boca para retrucar e debater em prol dos meus direitos moralistas. Mas no fundo, me doeu no coração e na alma, porque eu sabia que era verdade.

Mas como poderia eu, de fato, mudar minha vida quando ela não dependia inteiramente de mim? Como eu poderia mudar uma existência no mundo quando ela era dependente e influenciada por outra? 

Eu precisava fingir que os meus 50% de culpa eram os 100% em um todo. Precisava resolver o meu lado e deixar os outros lados para que os outros resolvessem-nos. 

Temos a engraçada mania de jogar as coisas nas mãos do tempo e esperar que ele nos aquilo que procuramos, de volta para nossas mãos. Como uma troca recíproca. Mas se não oferecemos nada, como podemos querer receber algo em troca?

Enquanto sonhamos acordados com o ostensivo futuro que nos aguarda, outra pessoa já o conseguiu, simplesmente porque não perdeu tempo esperando que algo caísse do céu e começou a agir. 

Não importa se não são todos os lados que estão ao nosso favor ou apoio, desde que nós estejamos dispostos a arriscar algumas coisas em prol da nossa felicidade. Se nossa força de vontade e nossos sonhos forem maiores do que a discórdia de terceiros, vale a pena. Porque nada importa mais do que nossa felicidade. Egoísta? Sim! Porém, verdade. Ou Você continua achando que as pessoas pararão suas vidas esperando que a sua comece a andar?

A Terra não vai parar sua rotação esperando que você encontre a hora certa. A hora certa é agora, é hoje. E sendo uma adepta às crenças do destino, digo com todas as letras que nosso destino é resultado do que fazemos hoje.



Talvez sejam sonhos demais para uma só pessoa, mas não me importo de transbordá-los desde que a coragem para realizá-los me acompanhe junto.