.... 2014

        Já disse milhares de vezes aqui no blog que minha época favorita do ano é quando ele chega ao fim. Essa energia de final de ano sempre me atraiu, desde que eu era pequena. Dá uma sensação de que uma fase da sua vida está terminando e outra está para começar. 
Novas chances estão por vir, novas experiências estão para acontecer e novas pessoas estão por chegar. E dá, também, a sensação de você poder recomeçar as coisas de uma forma diferente. Se inovar e inovar sua existência no mundo. Seu propósito como pessoa. 

Muitas vezes, em nossas vidas, precisamos parar e pensar. Um novo ano está por vir, mas o que é que você vai fazer dele? Não é o ano que tem que ser diferente, é você! As coisas não vão mudar ou melhorar se você continuar o mesmo. E pra descobrirmos o que faremos, precisamos descobrir quem realmente somos e o que realmente queremos. Sem influências. Sem terceiros. Apenas nós e nossas vidas. 

Estava lendo, hoje, sobre o ritual de renovação da Águia. Um ritual doloroso e agoniante. Mas é um ritual que ela precisa fazer pra prosseguir com a vida. Ela também tem a decisão de desistir e morrer. E então suas chances de viver melhor acabam por ali. 
Aos quarenta anos, suas unhas ficam flexíveis e ela não consegue mais capturar suas presas. E o bico se curva. As asas ficam pesadas demais e ela não pode mais viver normalmente. É ai que ela precisa tomar uma decisão, a de se matar ou a de enfrentar o tal ritual cheio de dor e sofrimento. 
Se ela escolher fazer o ritual, ela terá que ir até o alto de uma montanha e ficar lá por alguns meses. Nesses meses, a Águia bate o bico contra a parede até arrancá-lo, e então outro nasce no lugar. Depois, com o bico novo, ela arranca as unhas, e então novas crescem. Com as novas unhas, ela arranca as penas, e então novas crescem. Depois deste processo doloroso e sofrido, ela sai para o "voo de renovação" para viver por mais trinta anos. 

Às vezes precisamos dar um tempo em todas as coisas. Precisamos nos reguardar para que depois, assim como a Águia, possamos começar um processo de renovação. E não há problema nenhum em escolher ficar em casa lendo livros, assistindo seriados e filmes de comédia romântica do que sair com seus amigos. 
Precisamos escolher qual caminho vamos seguir. O fácil ou o certo. Se vamos desistir e nos deixar abater pelos problemas e dificuldades ou se vamos enfrentar a dor para que nossas vidas continuem, talvez até melhores do que eram.
Precisamos perder o medo e a insegurança de se arriscar. Ninguém disse que seria fácil. E é isso que dá graça às coisas. Imaginem um mundo onde não precisássemos lutar pelo que quiséssemos.

Só depois de perdoar e superar os erros, as pessoas e as mágoas do passado, que conseguiremos nos livrar de todos eles para que uma nova etapa comece. É como aquele ditado clichê, não podemos virar uma página sem antes ter terminado de lê-la. Mas a página que estamos lendo é sobre nossas vidas. Sobre nossas histórias. Quem a escreveu fomos nós mesmos. Temos o direito de escrever o que acharmos melhor. Temos direito de escolher como e o que queremos vivenciar. Não é a vida que decidi o que fazer de nós, somos nós que decidimos o que fazer dela.

Perdoar não é sinônimo de esquecer. Superar não é sinônimo de que não vá se repetir. Mas podem ser sinônimos de tentar de novo, de se arriscar a uma nova chance. A uma nova vida, talvez.

Às vezes a única forma de descobrir o que queremos fazer com a vida é entrar em um relacionamento sério conosco e não sair dele até ter certeza de que é a hora.

Quando der meia noite, no dia trinta e um, vou olhar no céu e me lembrar de tudo. Tudo o que eu vivi, presenciei, sorri, me emocionei, cultivei, perdi e ganhei e não vou me arrepender de nada, por mais ruins ou difíceis que as coisas tenham sido. 

O que eu espero pro ano que vem? Espero poder me desprender do peso do passado e dar uma nova chance à novas coisas, novas pessoas e novos sentimentos e emoções. Espero poder dar inicio a esse processo de renovação.