Então eu cedi



Dá o play e comece a ler. Mas esperem a melodia começar, em?!



        Não importa o jeito que você chegou. Não importa como tudo começou. Não importa onde e como eu te conheci. Não importa se foi amor à primeira vista - aliás, não foi amor à primeira vista, nem à segunda, muito menos à terceira. Não importa se você foi diferente ou igual todas as pessoas que já conheci. Se você me tratou diferente ou foi um babaca. O que importa é que você continua aqui. 

O que importa é que você fez o que ninguém mais teve a coragem de fazer. Me desafiou a enfrentar o mundo. Me desafiou a lutar pelo que era meu. Me desafiou a conhecer o escuro. Me questionou até sobre o pãozinho da padaria. Me fez olhar pro mundo com outros olhos e pras pessoas com outro coração. Me fez duvidar da matemática e principalmente da física. Me fez querer ouvir mais sobre história e rir dos erros de português. 

Então não, não liguei quando você quis andar de mãos dadas comigo pela calçada aqui do bairro. Quando você quis me ligar e ficamos três horas falando ao invés de trocar mensagens instantâneas. Não liguei quando você quis me beijar no meio da rua, com todo mundo vendo. Quando você me convidou pra beber uma cerveja no bar da esquina ao invés de me convidar pra um jantar. Aliás, principalmente por você não ter me convidado para jantar. Você sabe que eu odeio essas coisas de restaurante. É tudo muito sério, muito roteirizado, padronizado. 

Me chama pra fazer um piquenique no parque, pular corda no jardim, andar de patins na rua, ir no museu fazer piadas sobre as obras de arte e rir baixinho pra incomodar todo mundo. Me chama pra ir no mercado fazer compras pra sua mãe. Me chama pra um lugar onde a gente possa ir e falar alto, conversar, rir, bagunçar.

Prometo que vou parar com essa repulsa por relacionamentos. Prometo que vou deixar minha mania boba de fazer joguinhos pra trás. Prometo que só vou deixar acontecer ao invés de planejar cada movimento.

Prometo que não vou querer cavalheirismo. Mas me perdoa se eu arrotar na sua frente? Prometo que vou tentar reparar se você mudar o cabelo ou usar um perfume diferente. Prometo que vou te elogiar toda vez que você cozinhar pra mim. 

Foi bem ali, naquele cantinho onde ninguém mais podia ver. Você me puxou pela mão porque queria ver melhor o céu. Queria ver as estrelas e queria poder rir da gravidade, das leis de Newton e das descobertas de Einstein. Então me beijou. Me beijou com a intensidade de mil sóis. Então eu me rendi. Cedi. Concedi. Me deixei por sua conta. Baixei a guarda, deixei você apertar a minha bunda e apertei o volume por detrás da sua calça, também. Mesmo com todo mundo olhando, me deixei levar pelas suas mãos puxando meus cabelos e me deixei levar pelos seus sussurros querendo me levar pro banheiro. E nada mais importava. Cedi quando você me pediu pra ser só sua. Cedi. E não me arrependi por deixar o coração falar mais alto.


5 comentários :

  1. Olá Eduarda! Conto bem intenso, gostei da sua forma de escrever ;)

    Beijos, Thamara
    www.thamaralaila.com.br

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    1. Eduarda? KKKKKKK

      Bem, muitíssimo obrigada Thamara, fico feliz por você ter gostado, viu *-*

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  2. Gostei muito da sua forma de escrever. Os relatos são bem tocantes. Às vezes é difícil permitir que outros se aproximem, ainda mais quando você já passou por experiências negativas. Mas cada história é uma história diferente.

    www.nataliamenezes.com

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    1. Acho que mesmo que nós consigamos impedir que alguém se aproxime por hoje, algum dia vai acabar acontecendo, sabe? Obrigada pelo carinho Natália, deixe-se ceder também! hahahahaha

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