Contos pra me reinventar: Minhas cores

Quando a água bate na pedra inúmeras e inúmeras vezes a pedra se desfaz em areia...


        Eu virei areia, o tempo me desgastou, as coisas, pessoas, problemas, foram levando um pouco de mim e não sobrou nada pra mim mesma. O desgaste de todo esse tempo acabou comigo. A vida é sofrida e as coisas são difíceis e quando os problemas me atingiam eu caia, e caia e caia, até que um dia eu aprendi a ficar em pé, sendo forte o tempo todo, mas chega uma hora que a pedra vira areia.

Eu fui desbotada e desgastada graças a toda água e vento que colidiram em mim enquanto eu fui pedra. Eu amava ser pedra, eu amei ser pedra, claro que no interior minha pedra muitas vezes foi areia, as vezes menos que areia, mas o meu exterior continuava pedra, continuava firme, continuava com todo o seu esplendor.

Mas o que fazer quando a pedra como toda a sua imponência e brilhantismo vira areia? O que será da pedra quando ela foi reduzida a nada?

O meu corpo permaneceu ali, mas já não era mais o meu verdadeiro eu, hoje eu sou uma versão minha totalmente sem cor, na minha boca não existe mais batom, os mais excêntricos e coloridos, foram reduzidos a nada, o meu cabelo perdeu a cor e a vivacidade que faziam as pessoas olharem pra mim onde quer que eu estivesse, minhas roupas perderam a graça e eu simplesmente desapareci na multidão.

Eu não sou assim, eu não sou mais uma, eu não sou igual, igual pra mim não tem graça. O que aconteceu comigo? Eu estou perdendo quem eu sou, eu estou esquecendo quem eu sou... E essa é a chave de todos os meus problemas, fui deixando meus pedaços pro ai, minhas cores desbotaram, e eu sou uma versão sem graça de mim mesma.

Hoje eu sou mais uma pessoa, facilmente disfarçada na multidão, preto e branco sem brilho nem cor. 

--LEIA A PRIMEIRA PARTE AQUI.--

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