As nossas fotografias e a paz que remendou meu coração

 

        Ainda não havia parado pra pensar. Não havia parado pra sentir. E acho que também não estava fazendo tanta questão. Não havia parado pra pensar sobre os motivos, significados ou mesmo a ausência de ambos. Até que ontem me perguntaram o porque de termos acabado assim.... Tão de repente.

Eu queria poder contar que você apareceu de fininho e então viramos uma linda história de amor e simplicidade. Daquelas que só acontecem uma vez, ou talvez duas, na vida. Mas sabemos que seria mentira. Não “formávamos um lindo casal” e muito menos “fomos feitos um para o outro”. Ou qualquer outra coisa que comentavam em qualquer foto que postássemos sorrindo um do lado do outro.

Você não me destroçou em mil pedaços e muito menos consumiu meu coração. Você não me dilacerou como um furacão e muito menos me dilacerou o espírito. Mas você conseguiu apaziguar meu coração desgastado, remendar os buracos dos meus sentimentos feridos e trazer boas músicas pra minha playlist.

Eu te pedi pra não ir embora. Agora tenho 93 novas músicas salvas e todas elas me lembram você. E não dá pra mudar de gosto musical assim tão fácil e rapidamente. Mas mesmo assim você foi.

Pelo menos você trouxe paz para as minhas doses diárias de angústia e me fez rir e sorrir quando tudo estava no ponto para eu desabar. Mas acho que é como um ciclo. As coisas acontecem, te agregam o que precisam e depois vão embora.

Você, com suas melodias improvisadas. Eu, com minhas poses pra sua câmera. Você, com seus gostos cinematográficos civilizados e cult. Eu, com minhas histórias engraçadas sobre comédias românticas. Você, um esquerdista de merda. Eu, alguém que só queria viver em um país melhor.

Dizer que não sinto minha alma se atordoar nem um pouquinho sempre que escuto os assovios de Edward Sharpe & The Magnetic Zeros seria outra mentira. Ou mesmo não lembrar de você sempre que tiro novas fotos artísticas.

 

Mas acho que algumas coisas precisam acontecer, mesmo que por passagem, para que amadureçamos. Mesmo que doa, mesmo que um buraco se abra, mesmo que por tempos nos sintamos anestesiados. O amadurecimento é uma dor temporária que dá passagem pra uma nova parte de você.

 

Histórias de amor inacabadas tendem a nos assustar durante gerações, se não as resolvermos de uma vez. E talvez, agora seja uma ótima hora pra começar a pensar nessa possibilidade.

Talvez resolver minhas histórias inacabadas de amor seja uma passagem pra preencher esse buraco que tanto me atormenta. Pelo menos uma parte dele.


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