Eu não sabia...


        Eu fico aqui, parada em frente ao papel em branco, por muito e muito tempo e não faço ideia do que, nem pra quem escrever, mas no mesmo momento em que começo, as palavras correm, fluem, beijam e lambem o papel. As palavras são minhas amigas, são minhas armas, são minha armadura. No momento em que as palavras começam a fluir, as ideias, pensamentos, emoções correrem pelo papel, e em um momento tenho todas as minhas angustias discorridas ali.

As palavras contam mais do que realmente contam, as palavras choram por mim tudo o que eu não pude chorar, as palavras sangram por mim todas as feridas que estão abertas, as palavras batem toda a minha vontade de socar, as palavras... elas dançam de maneira tão graciosa, mesmo quando são duras surras.

Eu não sabia o que escrever, mas foi escrevendo que eu descobri, na verdade descobri mais do que apenas isso, descobri coisas sobre mim que eu não tinha percebido, descobri soluções pra problemas insolúveis, descobri que toda a dor e toda a raiva são exageradas, e ali, tudo ali naquele papel eu posso ver, posso ver como as coisas são, posso ver como o mundo é.

 Eu descobri que eu não escrevo pra ninguém, mesmo que a carta seja endereçada, eu escrevo pra mim sempre pra mim, pra desabafar, pra vomitar minhas agonias, pra clarear as ideias, e assim vou descobrindo...

Eu não sabia o que escrever, mas agora eu sei. Mais ainda.

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