Sobre decisões certas e melhores decisões



       Foi vestida com uma camiseta velha e surrada, de calcinha, os cabelos presos em um coque, uma garrafa de cerveja gelada e um cigarro no fim, que tive essa singela epifania. Eu estava sentada na beira da cama, olhando para fora da janela, como se o lado de fora fosse me trazer as respostas pro que, na verdade, estava dentro de mim.


O quarto estava desarrumado. Culpa sua, que não arruma a bagunça que faz. Inclusive a que fez dentro do meu coração, também. Talvez o quarto fosse um reflexo de como eu me sentia do lado de dentro.

Olhando pra cerveja que já estava no fim, eu me perguntava quando é que começamos a tomar as decisões certas. Talvez precisássemos entrar na vida de gente grande. A vida de quem acorda cedo, perde horas em um ônibus lotado pra chegar até um escritório que nos faz mais infelizes do que nossa vida já é sem aquilo. A vida de quem esquece o que é amar, o que é sorrir, o que é escolher algo por si mesmo. Como se crescer e amadurecer dependesse de não cometer erros, levar a vida a sério, não aprontar besteiras e, acima de tudo, seguir o caminho certo. Mas que merda de caminho certo é esse? Meu pai vive falando que meu primo sim é que seguiu o caminho certo. Ele tem mulher, dois filhos e um trabalho bem remunerado. Mas tem os olhos mais tristes e vazios que já vi. Tem a vida mais monótona e carente de tesão que conheço.

Tomar as decisões certas, optar pelo caminho mais seguro, não falar palavrão, não fazer bobagens, não perder tempo com futilidades. Talvez a resposta fosse não tomar as decisões certas, mas saber escolher o que é melhor pra mim.

Por muito tempo deixei que as pessoas fossem embora quando tinham vontade, ao invés de pedir para elas irem embora quando percebesse que tinha chegado a hora. Deixava que elas continuassem comigo até que tudo ficasse desgastado, por medo de ficar sozinha e não saber com enfrentar o que viria a seguir. Deixava que elas estivessem na minha vida sem realmente estarem por não ter coragem o suficiente pra escolher.

Um dia descobri que pra quem não sabe o que quer, tudo serve. Então aprendi a decidir o que queria antes de investir em alguma coisa ou em alguém. Algumas pessoas continuaram indo embora, mas dessa vez por escolha minha. Era com dor no coração, lágrimas pelo rosto e órgãos reprimidos que comecei a fazer eu mesma a hora do fim chegar. Porque a partir daquele momento quem fazia meu destino era eu. Eu sabia o que eu queria e não aceitaria menos do que merecia.

Recebemos das pessoas aquilo que emitimos para elas. Já pensou que a culpa dos relacionamentos ruins que você mantém com as pessoas com quem convive, talvez seja sua? As coisas começam a tomar um rumo diferente quando paramos de culpar tudo à nossa volta por não ser como queríamos que fosse e passamos a procurar onde nós estamos errando.

Se nossa vida está errada. Quem está errando somos nós.

As decisões certas são as que fazemos nos baseando no que nos fará feliz. E se nem você mesma sabe o que é melhor pra você, porque ainda reclama quando algo dá errado?

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