Quando tudo perde a importância e só nos resta eu e você - o mais importante.



(Coloca nos 00:15 e começa a ler)

        A noite calhou, e o céu parecia muito mais bonito da janela. Eu precisava levantar e beber alguma coisa. Não estava vestida, levantei e deixei que os lençóis caíssem pela cama, deixando a nudez do meu corpo exposta. Andei pé por pé, até chegar a porta. E olhei pra trás. Você dormia. Não como um anjo, não com delicadeza. Parecia que havia morrido. Estava jogado, com mãos e pernas abertas. E eu ouvia um pequeno ronco. Dei uma risadinha baixinha pra não te acordar. Sua audição é sensível e você desperta com facilidade. Algo que odeio um tantinho, por nunca poder gargalhar tão alto.

Passei pelo corredor e desci a escada de madeira na ponta dos pés. Sua gata quase me derrubou. Peguei-a no colo e deixei que ela lambesse meu nariz. Soltei-a e fui para a cozinha. Ali estava a nossa bagunça do jantar, com louças por lavar e cheiro do seu perfume com o resto de macarrão que não aguentamos comer. Esquentei chá de camomila e despejei uma colher de açúcar junto com muitos pensamentos.

O celular vibrou e era uma mensagem sua.

Volta pra cama. – Ri. 

Peguei o chá e subi as escadas. Você de bruços, com sua pele tão branquinha que a luz dos postes entravam pela janela e dançavam pelas suas costas. Coloquei a caneca com o chá em cima do criado mudo e subi em cima das suas costas devagarzinho. Você riu e virou pra mim. Ambos nus e separados por uma camada fina do tecido do lençol. Encostei a cabeça sobre seus ombros, e com a ponta dos dedos, enrolava os pelos do seu peito. Adorava cada um deles. Inclusive os da sua barriga. Passeava os dedos pela extremidade do seu pescoço, e depois percorri seu rosto delicadamente. Por aquela dobrinha que você tem debaixo do lábio, pelos seus olhos fechados, e pela sua testa. Acariciei os seus cachinhos e te dei um beijo. A luz ainda entrava pela janela e eu me encaixei em você. 

Meu quadril se mexia lentamente, e com as mãos você me segurava devagar. Meus olhos não se desgrudavam dos teus. E cada vez mais você me puxava pra baixo, como se quisesse que eu não desgrudasse de você mesmo por um centímetro. Como se você me quisesse só pra você, e pra ninguém mais.

E eu era. E eu sou. Mesmo quando destruímos os quartos de motel, e você me destrói por inteira, e fala que sou a sua putinha. E ali, dentro do quarto, eu sou mesmo. E sou tudo o que você quiser. Na cama você pode. Pode me chamar de puta, de piranha, de cachorra, de vagabunda. Pode dar na minha cara, e na minha bunda. Pode me deixar roxa, eu deixo. Até te peço para faze-lo. Pode deixar marcas pelo meu corpo. Pode puxar o meu cabelo até minha nuca doer. Pode me enforcar. Pode gozar na minha cara, na minha boca, nos meus seios e onde mais você quiser. Pode meter com força, pode meter com ódio, mas também com muito carinho e devagar. Pode meter como quiser. E como eu mandar. Pode me pegar no colo, pode me comer na parede, me comer no sofá, no chuveiro, e até no chão. Me deixa sem forças, ou me faça ter mais forças ainda.
Enquanto você estiver em cima de mim, pode fazer o que quiser. Mas não se esqueça de, no dia seguinte, me mandar mensagem de bom dia, me olhar nos olhos, e me beijar na testa. 

Pode me beijar até eu perder as estribeiras e querer dar pra você no meio da cafeteria. Mas quando a gente levantar, não se esqueça de segurar a minha mão e de me abraçar. 

E eu vou roubar sua camiseta e seus livros. E pode me roubar pra você quando quiser. E preciso te confessar que quando você vira de costas pra tomar banho, fico deitada na sua cama apreciando cada centímetro de você. Cada milímetro que você tanto odeia e que eu preciso te lembrar todos os dias o quanto adoro. E cada vez que você hesita e eu preciso te olhar nos olhos pra você acreditar. E sorrir com cada parte do meu corpo pra te provar que estou ali porque escolhi estar. Te lembrar que eu poderia estar ali com qualquer outra pessoa. Qualquer outro corpo. Qualquer outro homem. Melhor ou pior, não sei. Mas escolhi estar ali com você. Porque em um mar de pessoas, foi você quem me chamou atenção. Porque em primeiro plano, a aparência das pessoas conta sim. Mas não significam nada se não tiver o sex appeal mais forte que existe: o charme. Coisa que você tem de sobra. Já te disse que vou deixar um post it em cada parte da sua casa pra lembrar o quanto te acho lindo. Em cada centímetro da sua existência. 

Eu costumava pensar em muitas coisas, enquanto estava com muitas pessoas. Minha mente ficava rodeada de pensamentos, loucuras, confusões e preocupações. E, então, com você, as coisas deixaram de ter importância. E a única coisa que rodeava minha mente era o resto do mundo se apagando.

E ali, o silêncio rodeava a casa e o único som era o rangido que a sua cama fazia conforme eu me movia em cima de você.

Já ouvi falar em todo tipo de orgasmo. Daqueles que a mulher esguicha. Daqueles que ela explode em mil pedacinhos. Daqueles que o mundo some e ela quase adentra em sua própria subconsciência. Mas aquele foi um orgasmo de conexão. Um orgasmo entre os nossos olhares, entre os nossos sorrisos, entre as nossas expressões, entre as minhas mãos nas suas, entre o suor que trocávamos, entre os seus lábios e os meus. Não era fogo, nem tesão, nem paixão, nem amor. Éramos eu e você.

E vamos sempre ser. Só eu e você. 


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