O dia que eu percebi



Chega a hora na vida de uma pessoa que ela precisa realmente parar de procurar respostas nos outros e começar a olhar para si mesma. 
Sempre fui do tipo que gostava de ter alguém. Não um namorado. Apenas alguém. Alguém que eu pudesse ter como apoio. Alguém que me ajudasse com os meus problemas. Alguém que ficasse do meu lado quando, tanto as coisas boas quanto as ruins, acontecessem. E talvez seja por isso que minhas paixonites nunca deram certo. 
Não sei quando foi que percebi que eu não poderia mais jogar a minha vida nas mãos de alguém e esperasse que esse alguém resolvesse, mas percebi. E por sorte, não era tarde demais. 
Comecei a namorar quando ainda tinha treze anos. Aquele tipo de namoro via web. Mas ainda assim, namoro. E desde então não parei mais. Mal terminava com alguém, já estava apaixonada de novo. E foi somente depois da última vez que eu parei e comecei a pensar. Comecei a querer me enxergar de verdade ao invés de apenas me olhar quando fosse retocar a maquiagem no espelho. Comecei a querer algo mais. Algo que viesse de mim e não das pessoas de fora. 
Já fui magoada. Já magoei. Já jurei que era amor, de pés juntos, mesmo sabendo que não era. Já jurei que não juraria mais em falso quando soubesse que não era pra ser. Outro juramento em vão. 
Do meu grupo de amigos, eu não era a única que gostava de ter alguém por perto. E como sempre via as pessoas felizes quando tinham alguém para andar de mãos dadas, passei a maior parte do tempo acreditando que eu só conseguiria ser feliz mesmo quando tivesse alguém pra compartilhar essa felicidade comigo. Chegou um dia que eu não tinha mais ninguém. Foi justamente nesse dia eu percebi. Justamente nesse dia eu percebi que toda a alegria que eu sempre tinha, todos os sorrisos que eu dava, todas as risadas que brotavam dos meus lábios não tinham a mim mesma como fonte, e sim os outros. E eu precisava resolver isso. 
Mês após mês, sozinha, eu tentava me redescobrir. Mês após mês fui conhecendo coisas novas. Lugares novos. Opiniões novas. Pessoas novas. Sentimentos novos. E então, quando parei de procurar por alguém, esses alguéns foram surgindo na minha vida. 
Muitas vezes nós achamos que precisamos ter alguém para realmente sermos felizes. Muitas vezes achamos que precisamos de alguém para nos completar. Mas o que nós realmente precisamos é deixar de esperar a felicidade proporcionada pelos outros e começar a procura-la dentro de nós mesmos. Nós mesmos nos completamos. E só depois de nos sentir completas conosco que as coisas aparecem.
Não existe nada de errado em namorar. Em ter alguém com você confraternizando as coisas gostosas que acontecem no dia-a-dia. É realmente uma delícia. Mas não podemos deixar que esse seja o nosso plano de vida. Essa tem que ser a consequência e não o objetivo. 
Na minha opinião, uma pessoa só se completa de verdade quando consegue estar de bem com a vida tanto namorando quanto solteira. Quando ela se olha no espelho e sorri com o que tem e também com o que não tem. Quando ela levanta a cabeça e resolve seus problemas com as próprias mãos ao invés de se jogar pra alguém sem nem saber o que quer de verdade. 
Antes de querer construir alguma coisa com alguém, construa algo consigo mesmo. E depois disso, as coisas começam a acontecer. 

2 comentários :

  1. Esse texto é como um pensamento extenso que as vezes bate na mente de todos nós traduzidos por palavras, muito lindo e emocionante. Parabéns pela forma incrível que você escreve. Até mais. http://posrealidade.blogspot.com.br/2013/09/assim-que-eu-sou.html#comment-form

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    1. Nossa, muito obrigada, sério *-* De verdade, fiquei muito feliz em saber isso hahaha <3

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