O que estamos dispostos a arriscar?


        Hoje resolvi acordar um pouco mais cedo do que estou habitualmente acostumada só pra poder levar o cachorro pra dar uma volta no quarteirão e colocar os pensamentos no lugar.

Resolvi acordar um pouco mais cedo pra parar e prestar atenção na vida rotineira de cada pessoa que passava pela rua. Será que aquelas são pessoas realmente felizes? E se não são, o que fazem pra alcançar essa utopia?

Enquanto o cachorro fazia xixi na esquina e comia as folhas do gramado que brotavam na rachadura do asfalto, quis pensar sobre a vizinha que morreu no começo do mês e se ela teve a vida que sempre quis ter. Será que estamos fadados a levar a vida que nos foi designada assim que o espermatozoide alcançou no óvulo, ou será que podemos escolher? Será que essa coisa de destino existe mesmo? E se existir, o que o constrói?

Sempre achei que o destino é escrito de acordo com a esquina que escolhemos virar. Hoje, eu escolhi ir pela avenida ao invés de subir pela vizinhança comum com pessoas e suas casas com portões altos e cachorros bravos latindo. Que destino me foi escrito por ter escolhido passar pela avenida?

Será que existe receita pronta pra sermos felizes? "Oito passos pra ser feliz" era o que dizia na capa da revista. Até onde estamos dispostos a ir pra chegar ao ápice do sucesso? O que estamos dispostos a arriscar e a abrir mão?

Acho que, no final de tudo isso, cada um acaba criando sua própria receita. E não há Ana Maria Braga que contrarie isso. Se queremos, mesmo, que as coisas mudem, paremos de esperar que algo caia do céu e comecemos a fazer por merecer. 

Queremos mesmo tanta liberdade e independência assim? Então pare de ter preguiça pra ir até o mercado fazer as compras do mês. Pare de ter preguiça de limpar a casa e passar a roupa. Pare de preferir ver filme antes de terminar a redação que é pra segunda. Porque pra sair sábado a noite você tem tanta disposição mas pra estudar e passar de ano, não?

Agora são dez e meia da manhã, estou sentada à frente do computador escrevendo sobre a vida. Mas quem diabos sou eu pra querer entender alguma coisa sobre a vida?! Mal tenho dezoito anos e já quero achar que sei sobre o que estou falando. Sei nada! Mas o pouco que sei é que se eu pudesse escolher qualquer coisa pra estar fazendo agora, a última seria estar na frente do computador. Eu poderia, eventualmente, comprando uma passagem de ônibus pra qualquer lugar. Ou talvez estar deitada no gramado do parque com alguém rindo comigo. Ou só estar comendo um sanduíche na padaria da esquina.

Então, você que está lendo agora o que escrevo nessa pequena página da internet, o que você gostaria de estar fazendo nesse exato momento? O que te impede de sair da frente do computador e ir arriscar? É difícil? Ok, mas todos precisamos começar de algum lugar.
Mesmo que seja um centímetro pra chegar lá, é um centímetro a menos do que queremos alcançar.


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