Às vezes

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        Algumas coisas, quando são para darem certo, simplesmente dão. Às vezes na primeira tentativa. Mas às vezes na segunda, às vezes na terceira, na quarta, na quinta. Só que às vezes cansamos de tentar. Não é você, mas também não sou eu. É só que nós não estávamos mais nos encaixando. Não me lembro quando parei de culpar as pessoas pelas coisas que não davam certo. Só que eu percebi que a culpa não era delas, a culpa não era de ninguém. Simplesmente não era pra ser.

Desde o primeiro dia eu soube que você não era o certo. Mas meu coração batia mais forte quando você estava perto. E isso, pra mim, foi o suficiente. Não precisava ter sentido, não precisava significar alguma coisa, eu só queria sentir. E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, né?

Eu senti que iríamos acontecer no instante que te vi na janela do segundo andar. E no instante que você olhou pra mim, eu tive certeza. 

Então se tem uma coisa que eu não vou me arrepender é de ter me arriscado. Eu tive medo. Tive medo de me jogar de cabeça e acabar com a cara no chão. Mas às vezes precisamos nos jogar de cabeça. Porque mesmo que nos machuquemos no final, teremos toda uma boa história pra lembrar. E pode ter certeza de que a nossa história eu nunca vou esquecer. 

Durante muito e muito tempo eu me preocupei. Me preocupei em seguir regras malucas pra que as coisas dessem certo. Em seguir passo a passo pra que nada fugisse de controle. E quando fugiam, eu já não sabia mais se daria certo. Então eu me esforçava, traçava planos e caminhos pra que tudo voltasse a andar conforme o planejado. E então quanto mais eu tentava manter as coisas, mais elas ficavam desorganizadas. Mas sabe de uma coisa? Não existem regras pra algo dar certo. E eu não posso me forçar a ficar se não é mais o que o meu coração quer. Não posso me forçar a ficar só pra fazer a outra pessoa feliz. Não posso me forçar a ficar por medo de que, depois de partir, eu fique sozinha. 

O problema é que eu queria viver aventuras, fazer coisas sem pensar, ir em um lugar só pra apreciar a vista, sair por aí sem destino, sorrir pra pessoas desconhecidas na rua, sair por aí dançando, queria desvendar mistérios, sentir coisas novas, queria explorar o desconhecido, queria me jogar de cabeça nos meus sonhos. Mas queria fazer tudo isso com você. Só que você não queria. E quando um quer demais e o outro de menos, quando um se dá demais e o outro de menos, quando um tem muito a oferecer e o outro tem pouco, podemos continuar tentando. Sim, podemos. Mas mesmo depois de tentativas e tentativas, não funcionar, precisamos perceber que só podemos cuidar de uma vida. A nossa. Mas mesmo que não tenha dado certo, eu posso dizer que tentei de todas as formas possíveis. 

Eu tentava me despedir todas as noites, todos os dias, mas partir significava não sentir mais aquelas borboletas no estômago. Então foi aí que eu percebi que eu não as sentia há muito tempo. Eu não queria ir embora. Eu não queria dizer adeus. Mas eu sabia que era a hora de partir.